O Intercâmbio Cultural é uma vivência muito válida em qualquer etapa da vida.
Nesse universo, o intercâmbio para adolescentes, seja no Programa de Ensino Médio no Exterior ou de Férias de Julho, é uma experiência ainda mais enriquecedora.
Se a intenção é ter uma experiência intensa e profunda na cultura de outro país, o Programa de Ensino Médio no Exterior é uma ótima opção. Viver com uma família estrangeira, frequentar uma escola local, estudar matemática, geografia e física em outro idioma e com colegas locais, é viver um alto nível de imersão cultural.
Particularmente, sou ainda mais entusiasta desse tipo de intercâmbio, pois foi esta minha primeira experiência intercultural, a qual impactou de maneira muito forte minha adolescência e minha vida, pessoal e profissional.
Mas afinal, o que é o intercâmbio?
Sugiro pensarmos sob outro viés: o que NÃO é uma vivência de intercâmbio!
– Um intercâmbio não é uma viagem a turismo (ainda que seja um programa durante as férias escolares). Isto muda completamente a perspectiva e a vivência no exterior. Quem decide fazer intercâmbio não está comprando um “pacote turístico”, mas sim uma experiência de vida, e quem sabe como esta experiência será?;
– O intercâmbio não é uma experiência cômoda! Ele te convida a sair da zona de conforto – haverá desafios, frustrações, altos e baixos;
– O intercâmbio não é um período para viver como hóspede na casa de alguém, mas para fazer parte de uma nova família com costumes, hábitos e rotina diferentes.
Três agentes participam intensamente dessa experiência:
Os pais, os estudantes e a família que recebe o estudante.
Os pais – quem fica
Por vezes, os pais não se sentem confortáveis e seguros com a idéia de deixar o filho partir para viver por um tempo com uma nova família, longe do seu “controle”. Essa realmente não é uma decisão fácil! Uma das chaves para que o filho abra as portas para novas experiências está justamente na confiança dos pais em todos os valores ensinados, no estímulo e suporte ao seu crescimento, amadurecimento e autonomia. Acredite no potencial do seu filho, ele pode muito além do que você imagina!
Longe da proteção, facilidades e dos recursos prontos que os pais oferecem aos adolescentes diariamente (traço muito presente na cultura brasileira) eles terão que desenvolver recursos internos e novas habilidades para lidar com as mais simples tarefas do dia a dia – arrumar o quarto, auxiliar na limpeza da casa, ajudar a cuidar do irmãzinho mais novo – até gerenciar eventuais conflitos, que podem ser culturais, junto à família hospedeira.
Ainda que um dos objetivos do intercâmbio seja desenvolver o senso de autonomia e maturidade do adolescente, sempre haverá o suporte da MAPAei, da escola, parceiros locais, enfim, todos dispostos a auxiliar pais e estudantes.
Estimule que seu filho voe, ganhe novos horizontes, saia de sua zona de conforto e se torne um cidadão do mundo com uma bagagem repleta de conquistas e aprendizados.
Os estudantes – quem vai
As oportunidades de aprender coisas novas são incontáveis e começam na escola, com a possibilidade de adquirir conhecimentos que talvez não fossem possíveis no Brasil (devido a metodologia de ensino ser bem diferente da brasileira). Eu mesma, durante o meu high school fiz aulas de cultura maori (cultura nativa da Nova Zelândia), caiaque e culinária – há ainda aulas como empreendedorismo, engenharia e psicologia, entre outras. Além disso, uma grande vantagem é ter o ano letivo validado pelo ensino brasileiro e seguir com estudos normalmente no retorno (confirme com a escola).
Novas responsabilidades na família, gerenciamento do dinheiro, sistema de ensino diferente, e a tão sonhada liberdade são alguns dos desafios que virão pela frente.
Às vezes, bate aquela insegurança de “perder” coisas aqui no Brasil: perder as festas de 15 anos, o contato próximo com colegas, o ritmo de estudos para ingressar em uma universidade.
Todas as nossas escolhas na vida (e é bom vivenciarmos desde cedo) envolvem perdas e ganhos. Se você estiver aberto para conviver com pessoas diferentes, conhecer uma nova cultura e se adaptar a novos costumes, tenho certeza que esta é a escolha certa para você e que a sua lista de ganhos (nos seus relacionamentos, amadurecimento e vida profissional) será infinitamente maior do que a lista de perdas e essa pode ser “the time of your life”!
A família hospedeira – quem recebe
A família que recebe o intercambista é parte fundamental da experiência, afinal a convivência será longa e diária. Podem surgir dúvidas sobre “como é viver com uma família estrangeira?”, “será que eles vão gostar de mim?”, “será que eu vou gostar deles?”
Ao fazer estes questionamentos é importante que o estudante pense como ele agirá junto à família hospedeira. Seu papel será de um mero hóspede ou de alguém que deseja fazer parte da família que está cedendo o seu lar e abrindo as portas para acolhê-lo?
Estar disposto a se adaptar, participar e estabelecer vínculos para deixar a sua marca de maneira positiva tornará a sua experiência – no intercâmbio e na sua vida – muito mais rica.
Embarque nessa e descubra o mundo dentro você!
Karen Goes é Psicóloga com atuação em capacitação Intercultural e de Gestão de Pessoas, Coordenadora de treinamento intercultural para imigrantes e refugiados pela SIETAR e responsável pelo serviço de Orientação Intercultural da MAPAei. É intercambista de carteirinha: Curso de Espanhol (Chile, 2015), Representante Cultural na Walt Disney Cia (EUA, 2012), Curso de Inglês (Irlanda, 2012), Intercâmbio de Trabalho na Walt Disney (EUA, 2010/11), High School (Nova Zelândia, 2005).