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Intercâmbio na Irlanda | "Caramba, estou tão longe de casa!"

3 junho 2015
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Meu Intercâmbio em Dublin

Júnior Milério é uma pessoa muito querida para mim e estou muito feliz com a entrevista que ele deu para nosso Blog! Sabe aquele cara que batalha pelo o que quer? Então, é ele. Eu sou muito fã de gente persistente, que corre atrás dos seus sonhos, que realiza, que planeja, executa, muda, melhora, recomeça, inventa e é feliz….é inspirador!

Ele está em Dublin desde o ano passado e conta um pouco o significado desta experiência enriquecedora que é fazer INTERCÂMBIO!

Por que você decidiu fazer intercâmbio? Qual era seu objetivo?

Já fazia parte dos meus planos estudar e morar um tempo no exterior desde sempre, só faltava criar a oportunidade. O objetivo inicial era estudar inglês, já que não estudei o idioma desde cedo e hoje em dia, em qualquer profissão, falar inglês já é um pressuposto.

Por que optou pela Irlanda?

Alguns fatores me fizeram escolher a Irlanda. Primeiro, porque eu decidi muito rápido viajar. Estava trabalhando e fui demitido. Quando isso aconteceu, no começo de junho do ano passado, decidi que era o momento de viajar e em menos de dois meses eu estava embarcando. Isso porque não precisava de visto para vir, o visto de permanência na Irlanda, por um ano [e que a partir de outubro será apenas de oito meses], a gente tira aqui. Na entrada no país precisamos apenas da carta da escola que vamos estudar. Aí a imigração te dá permanência provisória para, então, você ir atrás de procedimentos burocráticos no país [abrir conta no banco, tirar documentos de estrangeiro, etc.]. Outro fator que me fez escolher a Irlanda é pelo fato de o país estar na Europa e facilitar possíveis viagens para outros países. Além, claro, de aqui, com o visto de estudante, a gente poder trabalhar. Antes, podíamos trabalhar meio período durante os seis meses de curso, e período integral nos outros seis meses de visto. A partir de outubro, quando o visto passar a ser de oito meses, poderemos trabalhar somente dois meses em período integral.

Qual era seu nível de inglês quando chegou na escola e qual seu nível hoje?

Eu havia estudado inglês somente por dois anos, e 12 anos antes de chegar aqui. Meu nível era considerado “intermediário” no Brasil, mas quando cheguei aqui, no teste de nivelamento da escola, entrei na turma do elementar. Depois de seis meses de curso, saí com o intermediário finalizado. Contrário ao da maioria dos estudantes, meu speaking é mais desenvolvido que meu listening, em outras palavras, tenho mais facilidade para falar do que para ouvir. Talvez por conta do sotaque irlandês, que é bastante forte. Mas sinto claramente que, depois de 10 meses morando aqui, meu inglês está bem melhor. Sempre achamos que não é o suficiente, já que em contato com nativos, percebemos muitos erros nossos ainda. Mas o fundamental é conseguir se comunicar, entender e se fazer entender. Acho que no brasil temos uma cultura de ensino muito prejudicial para o estudante. Exige-se perfeição, quando na realidade o fundamental é não se inibir. Os erros podem ser corrigidos, mas a timidez na hora de falar, por medo de errar, é mais difícil de perder. Outra coisa muito interessante que aprendi, foi com uma professora de francês. Ela disse uma coisa e eu percebo que é muito verdadeira, saber a sua língua, no caso a gramática do português, é meio caminho andado para aprender outro idioma. Seja ele qual for.

Há quanto tempo está em Dublin e quanto tempo estudou inglês?

Estou há 10 meses em Dublin, e meu curso durou seis meses. Depois, fiz mais dois meses de aula preparatória para o exame IELTS. Mas não sinto que estou preparado para fazer o teste ainda. Isso porque pretendo ter pelo menos sete de nota, o mínimo exigido para muitas universidades na Europa. Quem sabe estudarei algo em alguma universidade por aqui.

Está trabalhando? Foi difícil encontrar este trabalho? Se sim, a que você atribui esta dificuldade?

Mercado, nível de inglês, tempo que você ficará no país ou outro motivo?
Comecei a trabalhar apenas no sétimo mês morando aqui. Aliás, antes, cheguei a trabalhar em casual job, como garçom. Não posso dizer que foi difícil encontrar, porque eu realmente não procurei como poderia, e deveria. Mas tem algumas razões para isso. Primeiro porque ficamos inibidos. É uma cultura diferente, outro idioma, outro jeito de as coisas acontecerem. Além disso, em geral, trabalhamos em uma área totalmente diferente da que estamos habituados no Brasil. Sou jornalista, era repórter de gastronomia antes de vir para cá. Aqui, trabalhei como garçom, hoje sou ajudante de cozinha e faxineiro. É bem difícil a gente aceitar essa circunstância, mas o que ajuda a segurar a onda é ter consciência de que é temporário e tem um motivo para estar fazendo isso. E aprendemos muito. Não se trata apenas de um novo idioma, mas sim de experiência de vida. O nível do inglês acaba não sendo o principal obstáculo. Muitas vezes é a timidez que atrapalha, mesmo.

Você consegue pagar suas contas com 20h semanais de trabalho?

Dublin não é uma cidade barata. O aluguel aqui está caro, paga-se até 300 euros, por exemplo, para dividir quarto em um apartamento na área central da cidade. Se quiser morar em bairros um pouco mais afastado, pode ser uma boa, mas para valer a pena, precisaria usar bicicleta, já que o transporte público é caro também [cerca de 100 euros por um cartão que tem validade ilimitada para um mês]. Com o trabalho de meio período é possível sobreviver. Mas sem regalias, sem muitas viagens.

Quando você chega em Dublin e vai ficar por um período maior do que 90 dias, você tem alguns procedimentos obrigatórios a cumprir. Você deu conta de fazer tudo sozinho?

É possível fazer sozinho, sim. Mas na acomodação de chegada e na escola sempre tem gente chegando na mesma época, sempre conhece alguém que tá na mesma situação, procurando pelos mesmos serviços na cidade, ou seja, bancos, escritórios do governo, etc. É um bom momento para começar amizades. Há quem diga para não se aproximar de brasileiros, para não prejudicar o aprendizado do inglês, eu sugiro não se aproximar apenas de brasileiros, porque em muitas situações é um compatriota que vai ajudar. Seja na hora de indicar para um emprego, seja na hora de ir ao banco acompanhado.

O que você mais gostou na cidade?

Dublin é uma cidade peculiar. Eu poderia dizer que o que mais me impressionou foi a altura média dos prédios, bem baixinho, e o céu fica lindo. Mas isso tem a ver com a minha experiência anterior, morando em São Paulo, onde para ver o céu a gente precisa ficar olhando entre prédios. Dublin é um misto de cidade pequena com cidade grande. Tem opções para sair à noite, mas tem silêncio domingo de manhã. Não tem trânsito, como em cidades grandes. Teve a legalização do casamento civil gay no mês passado, por exemplo. Dublin é fascinante porque é um misto de metrópole com cidade do interior.

Vivendo esta experiência do intercâmbio, o que me responderia sobre o que é fazer intercâmbio?

Fazer intercâmbio é olhar para dentro de si, com medo de conhecer coisas novas, mas estar disposto a perder o medo e aproveitar todas as oportunidades. Eu conheci um sentimento novo morando na Irlanda, vira e mexe eu tenho saudade de Dublin, mesmo ainda morando aqui. Mas acho que isso pode ser porque eu gosto muito daqui, e tenho medo de não aproveitar tudo. O que fazer? Tentar aproveitar ao máximo. Enquanto durar.

Você tinha um Plano inicial. Ele foi cumprido?

Meu plano inicial era conseguir ficar, pelo menos, um ano. Ele está prestes a ser concretizado. E, mais que isso, pretendo renovar meu visto por mais tempo. Meta superada! Assim espero.

Na sua opinião, esta experiência contribuirá para sua vida profissional/ acadêmica/ pessoal? Em que sentido?

Meu aniversário de 30 anos eu passei aqui na Irlanda, no último mês de março. Eu acredito em astrologia e entre 29 e 30 passamos pelo retorno de saturno. Eu sei que parece papo de maluco, mas, grosso modo, é um período de muitas mudanças, segundo a astrologia. Saí do Brasil jornalista, e não me vejo mais trabalhando somente como jornalista. Quero dar aulas [talvez de inglês, mas para adolescentes]. Então profissionalmente ajudará, sim, independente da área, o inglês é fundamental atualmente, como todos nós sabemos. Academicamente eu não tenho dúvidas que ajudará. Mas é importante ressaltar que, para validade no exterior, além de um curso geral de inglês, precisamos de uma certificação internacional [ielts, toefl, etc.] e isso é outra história, porque os testes avaliam habilidades específicas e precisamos estudar focados em cada exame. No sentido pessoal é o que mais tem me ajudado. É uma das coisas que mais tem me feito bem na vida. Várias vezes andando pela rua eu me emociono pensando, “caramba! Eu estou tão longe de casa”. E quando a data de retorno estava chegando, eu decidi que ainda não é a hora de voltar. Tem muita coisa para fazer ao redor do mundo ainda.

Que conselho daria para quem está planejando a viagem?

É uma das poucas oportunidades que temos de “zerar o jogo da vida” e começar de novo. Então se permita começar. Se permita conhecer. Não tente reproduzir seu cotidiano anterior na vida nova. Dá muita saudade do arroz com feijão. Dá muita saudade de tudo que faz parte da vida que a gente levava. Mas uma viagem, de intercâmbio, principalmente, é uma imersão. É uma oportunidade de desbravar coisas novas. Então descubra coisas novas.

Entrevistado por Marcia Tichauer

3 responses on “Intercâmbio na Irlanda | “Caramba, estou tão longe de casa!”

  1. Débora Lacreta disse:

    Marcia parabéns, adorei a entrevista, muito bem escrita e ajuda a elucidar dúvidas frequentes de quem deseja fazer intercâmbio, Qdo minha filha tiver idade procurarei vcs, saudades

    Grande beijo
    Débora Lacreta

    • Marcia disse:

      Obrigada, Débora! Já já sua filha terá idade para esta experiência e ela vai amar, né? É inesquecível! 🙂 Beijos! Marcia

  2. Renata Tichauer disse:

    Fantástica a entrevista! Me vi em muitos momentos que ele descreveu. Nem tudo são flores, mas tudo vale a pena. Para conhecer novas culturas, aprender inglês mas PRINCIPALMENTE pelo crescimento pessoal. Parabéns Júnior por ir atras dos seus sonhos. Parabéns Marcia pelo seu trabalho, orientando e dando apoio para aqueles que sonham em abrir as asas e dar um salto ao desconhecido.